domingo, 21 de março de 2021

LIVROS | O Assassinato de Roger Ackroyd, Agatha Christie


A minha curiosidade para ler Agatha Christie tem vido a crescer ao longo do tempo. A minha irmã introduziu-me ao universo do detetive Hercule Poirot com os filmes "Morte no Nilo" e "Um Crime no Expresso do Oriente" que confesso que gostei muito, especialmente pelo fator surpresa que lhes é associado.

Além disto, já vi a minissérie "And Then There Were None", também da Agatha Christie que adorei completamente. Assim sendo, decidi-me por ler "O Assassinato de Roger Ackroyd", pois era um dos que tinha melhores reviews no Goodreads.

A premissa tem início com a morte de Mrs. Ferrars, amante de Roger Ackroyd. Por saber demais acerca deste acontecimento, também Ackroyd é assassinado. Todo o enredo se desenrola em volta da sua morte. O narrador é um médico, amigo de Roger e que estava presente na sua casa, na noite do assassinato, o Dr. Sheppard. Ao descobrir que Hercule Poirot (que se encontra reformado) é o seu novo vizinho, junta-se a este para investigar o caso e descobrir tudo o que se passou naquela noite.

De uma forma geral, acho que foi uma leitura muito leve e cativante. Nunca me apeteceu largar o livro, porque de facto passamos todo o tempo a tentar desvendar o mistério e a cada nova pista, achamos que sabemos quem é o assassino para logo a seguir surgirem factos que dizem precisamente o contrário. Confesso que, no meu caso, a pouco mais de meio do livro já tinha uma forte suspeita acerca do assassino e acertei, pelo que o final não foi tão impactante como foi nos filmes e série que vi da Agatha Christie. Não sendo um livro arrebatador, não deixa de ser uma boa história, dentro do género e é daqueles livros que aconselho a quem não tem hábitos de leitura mas que gostava de os começar a ter, pois acho que é uma leitura fácil e leve, com um enredo bem construído.



“Entendam isto, eu pretendo chegar à verdade. A verdade, por mais feia que seja, é sempre curiosa e bela para quem a busca… Messieurs et mesdames, digo-vos, eu quero saber. E saberei - apesar de todos vocês.




Pontuação: 7/10



Este blog é afiliado da Wook. Assim, ao comprares livros AQUI, estarás a contribuir para o meu crescimento literário. Obrigada!


domingo, 14 de março de 2021

#OsFilmesDoMeuTempo | Anos 60

Pois é, estou de volta com esta saga d'Os Filmes do Meu Tempo. Desta vez falamos nos filmes dos anos 60.


1. Psycho (1960)

Psico é, provavelmente, o filme mais conhecido de Hitchcock. Afinal de contas, não é à toa que o realizador é conhecido como o "pai do terror psicológico". A premissa tem início com Marion Crane, que rouba 40 000 dólares ao patrão e foge para ir ter com o amante. Graças a uma tempestade, é obrigada a parar a meio do caminho e fica no Motel Bates. Mal ela sabe que foi a pior decisão que podia ter tomado. O que acontece desde que Marion entra no motel prefiro não dizer, pois estaria a estragar todo o suspense intendido por Hitchcock até ao último minuto. Digo apenas que é um filme que tem tanto de surpreendente como de macabro.

É também neste filme que se encontra uma das cenas mais famosas do cinema (a cena do duche), em que foram precisos 78 takes até chegar ao resultado final.

Sem dúvida um dos melhores thrillers que já vi e um dos filmes mais emblemáticos da história do cinema. 



2. The Apartment (1960)

Esta comédia romântica retrata a história de Bud Baxter, um funcionário de uma empresa que aluga o seu apartamento para que o seu chefe possa levar para lá a amante. O que ele irá descobrir é que a amante do seu chefe é a mulher pelo qual está apaixonado. Aqui surge um dilema: amor ou carreira.

Apesar do género deste filme, retrata alguns temas mais sérios como o suicídio, o adultério e a solidão. 

Tendo ganho 5 Óscares, incluindo o de Melhor Filme, recomendo muito que vejam, pois tem um enredo muito cativante e é representado por alguns dos melhores atores desta época, como Shirley MacLaine e Jack Lemmon.



3. Breakfast At Tiffany's (1961)

Provavelmente o filme mais conhecido desta lista e um dos mais marcantes na carreira de Audrey Hepburn

Tem como protagonista Holly Golightly, uma socialite nova-iorquina excêntrica e uma mulher independente, que faz planos de casar com um homem rico. Estes planos são ameaçados ao conhecer o seu novo vizinho Paul Varjak, com quem cria uma ligação. À medida que se aproxima de Paul, o seu passado vai sendo revelado e complica a sua relação com o mesmo.

Tal como o filme anterior, é um filme mais leve, do género comédia romântica e, apesar de não o considerar um filme extraordinário, é um clássico do cinema dos anos 60, adaptado do romance de Truman Capote e que merecia ter algum destaque nesta lista, pelas várias cenas emblemáticas e por ter contribuído para que Audrey Hepburn se tornasse no ícone que ainda hoje é.

Além disto, contém uma das cenas mais bonitas do cinema desta época, em que podemos ouvir a personagem principal cantar o tema "Moon River", que é simplesmente maravilhoso.



4. To Kill A Mockingbird (1962)


Desde já, começo por dizer que, desta lista, este é o meu filme preferido. Li primeiro o livro, que é só espetacular e o filme não lhe fica muito atrás. 
Passado na pequena terra de Maycomb, onde vivem sobretudo agricultores e "pessoas do campo", é uma história que assistimos através da perspetiva de uma criança, Scout que vive com o seu irmão Jem, a criada negra Calpurnia e o seu pai, Atticus Finch, um advogado bastante respeitado em Maycomb. Em grande parte do filme assistimos à infância de Scout e Jem, em que se fala muito da casa da família Radley, pois um mistério paira na sua casa (mistério esse que irá ser mais relevante para a história do que aparenta). 
Mas, a história de destaque neste filme é a de Tom Robinson, um negro acusado de violar uma rapariga branca. Por ser negro, nem sequer é posta em causa a sua inocência, mas Atticus Finch pensa de forma diferente. Assim sendo, este defende Tom em tribunal, decisão essa que é contestada pela grande maioria das pessoas de Maycomb. Senti alguma raiva e alguma tristeza ao assistir a esta história e ao ver Tom ser tão injustiçado, mas garanto-vos que vale muito a pena assistirem a este filme.
É uma história muito bonita, que nos remete para temas como a igualdade e a justiça, que são dois dos valores que mais defendo. Torna-se ainda mais especial por conseguirmos vê-la da perspetiva de Scout, a qual podemos ver crescer sob efeito de todos os acontecimentos e situações que a rodeiam. 



5. Guess Who's Coming To Dinner (1967)

Vi este filme hoje e, sendo um filme dos anos 60 e tratando de um tema tão relevante, decidi inclui-lo nesta lista.
Trata-se da história de um casal que, se apaixona rapidamente e rapidamente se decide casar. No entanto, há um problema. Ele (John) é negro e ela (Joey) é branca. O filme tem início com a chegada de ambos à casa de Joey, cujo objetivo é apresentar o seu noivo aos pais. Independentemente da sua aprovação, Joey está decidida a casar com o homem que ama, mas este decide que apenas se casa com ela se os seus pais aprovarem.
Não nos podemos esquecer do contexto em que isto acontece, pois esta era uma época em que o racismo era muito vincado na sociedade e, como tal, os pais de ambos demonstraram uma grande preocupação para com o preconceito que estes pudessem sofrer, mesmo tendo os pais de Joey incutido valores de igualdade na sua educação e tendo demonstrado simpatizar bastante com John. 
É um filme que se vê bastante bem e, de certo modo, trata um tema bastante controverso, especialmente para a época e muito importante, inclusive nos dias de hoje, com alguma leveza. Tem uma cena final que faz o filme brilhar.


Menções Honrosas: The Man Who Shot Liberty Valence (1962); Goldfinger (1964); The Sound Of Music (1965); Bonnie&Clyde (1967).



Na minha "Bucket List":

La Dolce Vita (1960)
Lawrence of Arabia (1962)
The Birds (1963)
Il Gattopardo (1963)
Doctor Zhivago (1965)
Persona (1966)
Once Upon A Time In West (1968)
2001: A Space Odissey (1968)
Rosemary's Baby (1968)



Espero que tenham gostado destas sugestões. Digam-me nos comentários qual o filme desta lista que vos deu mais curiosidade e a vossa opinião se já viram algum deles.



domingo, 7 de março de 2021

LIVROS| Uma Educação, Tara Westover

Como já tinha dito na publicação anterior, esta foi uma das minhas leituras preferidas de Fevereiro e atrevo-me a dizer de 2021. Eu sei que ainda só estamos em Março, mas duvido que algum livro que ainda vá ler este ano supere este.

Quando peguei nele, fui um pouco a medo, pois apesar de as críticas deste livro serem espetaculares, a história em si não pareceu ser nada o meu género e o facto de ter ouvido dizer que continha cenas muito violentas, fez com que ficasse reticente. Ainda assim, arrisquei e que bem que fiz.

Tara Westover conta-nos a sua história de vida, na primeira pessoa, desde a sua infância passada em Buck Peak, numa família grande de religião mórmon até à atualidade. Tara percorreu um longo caminho para chegar onde chegou. Digamos que "esquisita" é um eufemismo para descrever a sua família. O seu pai acreditava no modo de vida à margem da sociedade e, por essa razão, Tara e os irmãos não iam à escola, não iam aos hospitais, trabalhavam desde cedo e cresceram a acreditar num governo dominado pelos Iluminatti e sem saber nada sobre o mundo que os rodeia. Além disto, era violento de um modo psicológico para com os outros e Tara foi agredida fisicamente por um dos irmãos de forma sistemática. Tara decide obter uma educação, mesmo que isso não vá de encontro às ideologias do seu pai e, a partir daqui, esta jornada é qualquer coisa de incrível, pois esta simples miúda de uma família mórmon do Idaho, sem qualquer tipo de educação, consegue chegar a Cambridge e a Oxford, mesmo indo contra tudo e contra todos. É maravilhoso "observar" Tara a desemaranhar-se dos traumas e das marcas deixadas pela sua infância e adolescência para se tornar numa mulher culta, inteligente e bem sucedida.

Este é daqueles livros que tem uma escrita bem fluida e nos magnetiza a cada página, pois dificilmente desviamos o olhar. Acho que é uma história tão inspiradora, que deveria ser obrigatório lê-la, pois acaba por nos fazer valorizar ainda mais a educação, a saúde, o amor-próprio e a família.

E vocês, já leram este livro? E qual a vossa leitura preferida deste ano, até agora? Digam-me tudo nos comentários.


 "Tens de deixar de pensar dessa maneira. Não és ouro falso, daquele que brilha apenas sob uma luz particular. Quem quer que venhas a ser, o que quer que te tornes, foi assim que sempre foste. Esse brilho sempre esteve em ti. Não em Cambridge. Em ti. Tu és ouro. Regressares à BYU, ou até a essa montanha de onde vieste, não mudará quem és. Poderá mudar a forma como os outros te veem, poderá até mudar a forma como te vês a ti mesma - até o ouro parece desprovido de brilho a uma determinada luz -, mas essa é a ilusão. E sempre foi."


Pontuação: 9/10