Ao longo deste último ano e com o confinamento, o tempo passado em casa aumentou consideravelmente e, por isso, voltei a ver muitos mais filmes do que via. Tendo isto em conta, tive a ideia de partilhar aqui pelo blog alguns dos meus filmes preferidos de cada década.
Uma coisa que sempre me fez alguma confusão foi ouvir vários amigos meus dizerem que não gostam de ver filmes a preto e branco ou que filmes dos anos 90, por exemplo, são muito antigos, e eu venho desmistificar um bocado estas opiniões. Comecemos pela década de 50.
Os anos 50 foram muito marcados pelo surgimento da televisão. Como tal, as idas ao cinema decresceram consideravelmente. Não só por isto, mas também por mudanças no estilo de vida (americano), como a mudança de habitação para os subúrbios e a adoção de outro tipo de atividades de lazer, como as viagens e o desporto.
Deste modo, os cineastas tiveram de adotar novas estratégias para cativar a atenção dos espectadores, tais como os métodos widescreen, big-approach, Cinemascope, VistaVision e
Cinerama, além de truques como o cinema em 3D.
Os grandes nomes desta época como Alfred Hitchcock, John Ford ou Billy Wilder revolucionaram a história do cinema, ao criarem alguns dos filmes mais adorados pelo público até aos dias de hoje.
Também na representação, foi nos anos 50 que atores como James Stewart, John Wayne e Marlon Brando atingiram o auge da sua popularidade, assim como as atrizes Grace Kelly, Marylin Monroe e Jayne Mansfield.
Confesso que ainda não vi tantos filmes desta época quanto queria, mas estes são alguns dos que mais gostei:
1. Rear Window (1954)
Alfred Hitchcock é um dos grandes mestres do cinema (além de ser o Mestre do Suspense) desta época e até, de sempre. Foi um grande visionário e um cineasta muito "à frente" do seu tempo. A sua preocupação com os aspetos técnicos nota-se bastante em todos os seus filmes e, em particular n'A Janela Indiscreta.
Este filme retrata a história de Jeff (James Stewart), um fotógrafo que se encontra preso a uma cadeira de rodas por ter partido uma perna. Nestas condições, passa o verão inteiro a observar os vizinhos através da janela. O que torna este filme muito diferente é o facto de ser todo visto da perspetiva do protagonista, a partir do interior do seu quarto, o que consiste numa da técnicas cinematográficas inovadoras adotadas pelo realizador. Além disto, conseguimos perceber que Hitchcock pensou em tudo com muito detalhe, o que tornou esta obra ainda mais especial. Refiro-me essencialmente aos personagens que fazem de vizinhos, pois as suas histórias acabam por também se tornarem numa parte essencial deste enredo, assim como aos cenários, que eram bastante complexos e interessantes, tendo em conta este período.
A história começa realmente quando Jeff pensa que um dos seus vizinhos matou a mulher, a cortou aos pedaços e se viu livre do corpo. Apesar do género principal deste filme ser o thriller, consiste também numa história de amor este o personagem principal, que tem alguma relutância em comprometer-se numa relação e Lisa (Grace Kelly), a sua namorada.
Prefiro não revelar mais pormenores, porque este género de filme o exige, mas aconselho muito a que vejam, é um dos meus preferidos deste realizador incrível e vale muito a pena!
2. 12 Angry Men (1957)
Este é, provavelmente, o meu filme preferido desta época. É por este tipo de filmes que vale a pena ver filmes antigos, pois não teve qualquer tipo de suporte em imagens espetaculares, cenários extravagantes ou guarda-roupas mirabolantes para que se tornasse cativante. São, literalmente, 96 minutos a observar 12 homens numa sala a discutir entre si, para chegarem a um acordo. Mostra-nos o poder da argumentação e da empatia. Tem discursos cativantes e muda a nossa perspetiva em relação à premissa inicial: um homem é acusado de matar o próprio pai. Inicialmente, parece culpado. Mas será que existem provas suficientes de que foi mesmo ele?
O que mais importa nesta história não é saber se o acusado é culpado ou não, mas sim a análise dos factos e ajudar-nos a perceber que nem tudo o que parece é. Leva-nos a questionar várias coisas importantes e, por isso, vale muito a pena.
3. Vertigo (1958)
Mais uma obra-prima de Alfred Hitchcock. Este filme retrata a história de Scottie, um ex-detetive da polícia que tem medo de alturas e que é contratado para seguir uma mulher chamada Madeleine Elster, até descobrir que esta é a reincarnação de Carlotta Valdez, uma mulher que foi usada por um homem e depois lançada para a prostituição, até que se suicidou. Tendo isto em conta, muitos acontecimentos emocionantes decorrerão ao longo do filme, sendo que não irei alongar-me mais, pois seriam spoilers demasiado grandes.
No fundo, é como se fosse a história de amor entre Scottie e a morte. É um filme cujo suspense se mantém até ao fim, prendendo-nos ao ecrã desde o início. Aconselho muito a que vejam.
4. Some Like It Hot (1959)
O filme mais leve e divertido que faz parte desta lista é, sem dúvida, Some Like It Hot. Além de ser um dos filmes que tornou Marylin Monroe num ícone desta época, é ainda protagonizado por Jack Lemmon e Tony Curtis, que são brilhantes neste filme.
Conta a história de dois amigos músicos que, após testemunharem um assassinato da máfia, improvisam um plano à pressa para conseguirem fugir ilesos. Desta forma, fingem ser mulheres, integrantes de uma banda exclusivamente feminina, da qual a personagem de Monroe faz parte e, a partir daqui, as peripécias mais inesperadas e divertidas acontecem. Para quem não é tão fã de filmes mais dramáticos ou de suspense, este é o que vos aconselho.
Menções Honrosas: Singing In The Rain (1952); Sabrina (1954); The Seven Year Itch (1955); Anatomy Of A Murder (1959).
Na minha "Bucket List":
- Sunset Boulevard (1950);
- All About Eve (1950);
- Seven Samurai (1954);
- The Seventh Seal (1957);
- Rebel Without A Cause (1955);
- Roman Holiday (1953).
Digam-me nos comentários qual destes filmes vos suscitou mais curiosidade e quais os vossos preferidos desta década.
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