domingo, 15 de novembro de 2020

LIVROS | O ESTRANGEIRO, ALBERT CAMUS


    Já há algum tempo que queria ler Camus e decidi que iria começar por este O Estrangeiro. Esta é a história do argeliano Mersault. É um personagem com o qual é muito difícil de nos identificarmos pois é indiferente a tudo o que lhe acontece e não tem opiniões definidas em relação a nada. Desta forma, Mersault é uma pessoa amoral que se deixa levar pelas circunstâncias da vida, sem ter alguma conexão com alguém.
    Este livro divide-se em duas partes: a primeira tem início com a morte da mãe do personagem principal, com o início de uma relação amorosa com Marie e com o envolvimento com o duvidoso Raymond. Nesta é demonstrada o modo como Mersault vive tudo com indiferença e frieza. É também esta primeira parte que marca a introdução de um acontecimento que vai mudar totalmente o ritmo desta obra e que vai colocar tudo em causa para Mersault.
    A segunda parte é caracterizada pelo confronto de Mersault com o significado da vida e com o absurdismo, que se refere ao "conflito entre a tendência humana de buscar significado inerente à vida e a inabilidade humana para encontrá-lo num universo sem propósito, sem significado ou caótico e irracional." É nesta segunda parte que, após um acontecimento mirabolante, tudo é posto em causa na vida do personagem principal.
    Camus é, sem qualquer dúvida, exímio ao descrever as sensações e paisagens mencionadas na obra e, ao ler, quase conseguimos sentir o calor e observar as cores quentes que enquadram esta obra.
    Acho que este livro é daqueles que exige uma vasta reflexão sobre toda a temática nele abordada e é muito mais complexo do que aparenta, pois Camus é conhecido pela sua filosofia existencialista. 
    Apesar de ter gostado, sinto que não adorei, muito devido ao facto de estar à espera de algo diferente antes de o ler e por ter as expetativas demasiado elevadas, pois foi-me muito recomendado por pessoas com um gosto literário semelhante ao meu. Além disto, sinto que por o livro ser tão pequeno (tem menos de 100 páginas), não consegui criar uma grande ligação com a história. No entanto, é um livro que recomendo a toda a gente, pois não deixa de ser um livro excelente, com uma grande mensagem por trás.


“Assaltaram-me as recordações de uma vida que já não me pertencia, mas onde encontrara as mais pobres e as mais tenazes das minhas alegrias: odores do verão, do bairro que eu amava, um certo céu ao anoitecer, o riso e os vestidos de Marie. Tudo quanto neste lugar eu fazia de inútil subiu-me então à garganta e só tive uma pressa: acabar depressa com isto e voltar à minha cela, onde ia poder dormir.”


7/10 

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